Para compreender o impacto da inteligência artificial no processo criativo, faz-se necessário verificar, mesmo que brevemente, de que se trata, afinal, inteligência artificial.

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Inteligência artificial é a composição de softwares que imitam a configuração das redes neurais humanas. Essas redes são formadas por dispositivos que podem trabalhar em conjunto para acessar informação e criar novos trabalhos diferentes do estado da arte anterior. Pode-se dizer que a inteligência artificial se diferencia dos demais algoritmos tradicionais a partir do momento que é capaz de treinar a si mesma através do acúmulo de experiências anteriores próprias e de outros agentes.

Para demonstrar a relevância e a iminência das discussões acerca da autoria de obras geradas por inteligência artificial, destaca-se abaixo alguns exemplos de casos recentes que chamam atenção para o potencial criativo desses algoritmos.

Em 2016, um grupo de museus e pesquisadores da Holanda revelou um retrato intitulado The Next Rembrandt, uma nova obra de arte gerada por um computador que analisou milhares de obras do artista holandês Rembrandt Harmenszoon van Rijn, do século XVII 1 . Um pequeno romance escrito por um programa de computador japonês em 2016 alcançou a segunda
rodada de um prêmio literário nacional 2 . E a Deep Mind, empresa de inteligência artificial de propriedade do Google, criou um software capaz de gerar música ouvindo gravações.

Ainda, a Christie’s, famosa galeria de arte do Reino Unido, em seus 252 anos de história, inovou ao leiloar obra de arte gerada pela Inteligência Artificial.  O quadro “Retrato de Edmond de Belamy”, criado pelo grupo de arte francês Obvious, integra uma série de pinturas da família fictícia Belamy geradas por um algoritmo de duas partes, denominado GAN – abreviação de “rede de adversários generativos” – alimentado com um conjunto de dados de quinze mil retratos pintados entre os séculos XIV e XX, em que uma parte cria uma nova imagem com base no conjunto de informações e a outra parte é levada a “pensar” que as novas imagens são reais.

Não é pacífico no meio científico se algoritmos de inteligência artificial teriam mesmo potencial criativo. Alguns pensadores, inclusive, criaram formas de questionar a criatividade da inteligência artificial, por exemplo Alan Turing pai da ciência da computação e Ada Lovelace, pioneira da computação que criou o Lovelace Test.

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Aline Schraier de Quadros

é advogada de Propriedade Intelectual, formada na UFPR e Universidade de Coimbra, tem experiência nas áreas de Propriedade Intelectual, Estratégia, Transferência de Tecnologia, Contratos e Direito Empresarial. Conecte-se com Aline pelo LinkedIn.

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